quinta-feira, abril 27, 2006
Afinal quê?
Que nasceste além da treva,
Longe da foice e do arado.
Sejas tísico ou ventrudo,
Catraio ou irritante graúdo,
Queres a palavra cega
Ou a palavra que diz tudo?
O deleite de um verso
Ou o grito de um surdo-mudo?
Mercantilizas em caixotes
Ou dormes com versos debaixo dos pés?
Se te vendesses que lograrias?
E porque compras o que impingem?
Larga-te das fétidas livrarias,
De nacos de papel que duram dias,
Diz que não, que não te afligem
Falsos mitos e novos Messias,
Que preferes David a Golias,
E que desprezas a falsa fuligem
De palavras mais que vazias.
És leitor ou o que és,
meu pateta diletante?
Queres música e comédia de Dante,
Ou um bando vigarista
Que nunca viu o mundo ao revés?
terça-feira, abril 25, 2006
25 de Abril. Sempre!
AS PORTAS QUE ABRIL ABRIU
Era uma vez um país
onde entre o mar e a guerra
vivia o mais infeliz
dos povos à beira-terra.
Onde entre vinhas sobredos
vales socalcos searas
serras atalhos veredas
lezírias e praias claras
um povo se debruçava
como um vime de tristeza
sobre um rio onde mirava
a sua própria pobreza.
Era uma vez um país
onde o pão era contado
onde quem tinha a raiz
tinha o fruto arrecadado
onde quem tinha o dinheiro
tinha o operário algemado
onde suava o ceifeiro
que dormia com o gado
onde tossia o mineiro
em Aljustrel ajustado
onde morria primeiro
quem nascia desgraçado.
(continua aqui)
Ary dos Santos ("As Portas que Abril Abriu", Agosto de 1975)
*Ilustração de Teolinda Gersão
quarta-feira, abril 19, 2006
terça-feira, abril 11, 2006
Pátria
quinta-feira, abril 06, 2006
Comentários:quarta-feira, abril 05, 2006
Thomas
Em 1588, neste mesmo dia 5 do calendário de Abril, nascia o filósofo inglês Thomas Hobbes.
No seu pensamento gosto do pessimismo em relaçao à natureza humana; da forma realista como assume o (quase) sempre inevitável domínio de uma elite social; e da importância que confere à lei/norma enquanto elemento primordial para o bom funcionamento das sociedades. Desgosto do seu inflexível cristianismo, embora o compreenda (tendo em conta a sua educaçao); e das críticas demasiado injustas que faz ao protestantismo.
Mas em geral fascinam-me estes contratualistas. Também por isso, aqui fica o recuerdo.
segunda-feira, abril 03, 2006
Uma pequena história
Eu comecei a provocá-la...
Apliquei-lhe o meu olhar fulminante... :)
E ela não resisitiu...! :p
Dias depois tivemos que descer do sonho à realidade...
Mas foi bom, muito bom tê-la por cá.
Obrigado por existires.